sábado, 27 de outubro de 2007



"Sem o amargo o doce não é doce..."



Ela nem sabia tanto da vida ainda, era fato, não conhecia nada do mundo, e o seu era bem pequenininho, se tentasse caberia na suas próprias mãos, ou no dedo mindinho de um deus longínquo, que ela se perguntava às vezes (lê-se quase sempre) onde estava, mas o simples fato de perguntar já confirmava sua fé, uma fé assim, flexível, que se dobrava e reverberava em tais perguntas, tal como o barulho que ouviu naquela manhã quando caminhava sozinha por um bosque e ouviu o som que as árvores faziam ao se dobrarem à força do vento. E ela nem sabia de nada também, quando descobria algo novo aquilo lhe doía, porque, acreditem, o saber dói, e é de uma dor tamanha, que nem tem analgésico, pois que uma vez que você sabe, a ignorância não lhe tolherá novamente, daí é viver com aquela gota de limão no seu copo, e ele para sempre terá um sabor diferente ...um sabor meio assim, azedo...em oposição ao doce do não saber. Vai ver o segredo está no não, por vezes o não é visto como algo doloroso e cruel, mas o não querer, é também o não sofrer...Pare! Que ele não é doce, é sim, insosso, quase que insípido...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"Nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei com a estrada errada que eu segui, com a minha própria lei..."

Acho que todo o adiamento em escrever aqui teve seu fim. Estou, de fato, propícia a falar. De qualquer assunto, seria interessante um fórum de discussão, sou capaz de falar sobre o que me perguntarem, estou apta a me desnudar, falar dos pensamentos mais sórdidos, dos desejos mais recônditos...posso até chorar, mas não o farei, não mais, a frase de "andrea doria" resume tudo. Nem vou falar na terceira pessoa, falo de mim ora, e é isso que impressiona nesse espaço virtual, não é o desejo de ser ouvido, de fazer-se conhecer, é a própria possibilidade que fascina... por isso estamos aqui. Por isso estou aqui. São as possibilidades que me chocam, a de passar no vestibular, a de passar no exame da ordem, a de ter estabilidade financeira, a de ir à França...e sabe por que? Elas sempre vêm acompanhadas de um contra-senso, o reverso da medalha....a parte podre da fruta que jogamos fora, os pensamentos que bloqueamos, as hipóteses que não apetecem nossos desejos e que simplesmente descartamos, as cartas mais baixas, os peões...possibilidades são tudo que não quero hoje, que não quero agora, acho que quero "beijos sinceros de amor"...e existem as pessoas legais também, só que essas estão no passeio errado, a velha história dos paralelepípedos...mas eu vou continuar andando...na eterna crença-descrença parecendo uma montanha-russa, em suas incontáveis oscilações, sentindo às vezes um friozinho na barriga...noutras uma náusea violenta...mas...baby...here we go!!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Como é mesmo a frase?

-Eu quero uma declaração inesperada numa terça-feira

-Por que numa terça?

-Porque na segunda todos esperamos uma surpresa, na terça não...

Ela riu e riu, achou aquilo tão lindo, tão intenso, o desejo, o querer, a...necessidade?Talvez... ela se sentia daquela forma também. Sim. Lá no fundo, olhando com atenção nos seus assuntos imexíveis, era o que ela desejava... apesar de todo discurso de negação, de insensibilidade...Era meio que aquela sensação entranha de saudade, saudade do que sempre se ensaia, das conversas que nunca mostraram seu timbre, dos encontros mirabolantes, de quais roupas estaria usando, como estaria o cabelo, que música estaria ouvindo, coisas tão minuciosamente planejadas e que ficaram tão guardadas só para ela, coisas que ela tentava agora enterrar, sufocar, saudades das coisas todas não vividas...
Talvez seu roteirista não fosse tão bom, daí nunca conseguir encenar suas peças, ou talvez não escolhesse corretamente o elenco...quem sabe sua falta de disposição colaborasse também...ausência de talento?Sim, um pouco...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007




Perfil...



Quem sou eu?
O que somos não importa muito não...as pessoas, por exemplo, não se importam se você hoje ri ou chora, ou se está displicentemente fingindo ser o que não é, e afinal, qual é o melhor...o que você é ou o que você queria ser??Elas não importam se sua manhã foi entediante e você simplesmente não conseguiu ler nem dez páginas de um livro que faz parte de uma lista de dez livros, ou se importam?Não...o que você demonstra ser parece ser hoje(ou sempre?) a coisa mais importante?Talvez....rsrs
Às vezes ser nós mesmos dói nos outros e em nós também, não saber dói...aprender também dói...e qual a dor maior?Descobrir, quem sabe, que a intensidade depende de que lado você está, só que nem sempre (sempre?) você irá decidir isso, aprender que machucar ou ser machucado são pontos de vista que dependem não de quem você é e sim do que você decidiu ver, que mocinhas e vilões na vida real não são super-definidos como nos livros que você leu e nos filmes que você viu, que a vida real é feita de dualidades-nem-sempre-explicáveis...