quarta-feira, 29 de agosto de 2007




Só porque é difícil esquecer e ponto. Não exige-se explicações, não se admite uma verdade tão saltante aos olhos: Simplesmente não aconteceu. Mas para isso é preciso, é desesperadamente preciso uma maturidade que nunca se alcança, tal como luz por demais ofuscante que irrita, sendo mais cômodo, bem mais aconchegante seguir de olhos vendados e ir tropeçando a cada pedra no caminho. Bom seria sair chutando o que que nos bloqueia, mas a venda nos torna...será que...cautelosos demais? Com pedras sendo nosso refúgio, assunto principal, atividade meio-fim... Ou vaidosos demais, vaidade? Ver o que é interessante, o que é agradável? Egoístas? Talvez... a ponto de não perceber nada além da imagem no espelho...
"O que é um espelho? é o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio (...) - esse alguém percebeu o seu mistério de coisa."C.L

domingo, 26 de agosto de 2007



E ela disse: “Faz mesmo” e a outra “...que bom porque eu já fiz”. Risos. As coisas tinham sido meio que assim naquele ano, muita coisa acontecendo sem esperar, muita coisa nova, muito trabalho e ela gostava daquilo. Ter segredos é, por vezes, inspirador...um leve tempero apimentado numa vidinha morna deixando-a com sabor diferente, gosto que dá vontade de comer, sabe?E ela estava degustando com prazer cada pedacinho, até os não tão saborosos...Tinha se tornado antropófaga! Era fato. Ei! Isso não é um palavrão. Havia aprendido a arte da antropofagia na infância, gostava de comer livros, o que não se perdeu na adolescência e agora que havia crescido (ufa!), sentia os pedaços das pessoas que havia devorado, deglutido, às vezes vomitado, assim tinha um pedacinho de Capitu, um de G.H, da menina de Sozinha no Mundo cujo nome não lembrava, até um pouquinho de Macabéa ela tinha...e tinha os heróis gregos tbm...tinha todo o meio que foi bebido e isso soava meio determinista por vezes, mas era assim que ela se sentia, um produto do meio no qual vivia, e por mais autonomia que houvesse em sua palavras, ela sempre ouvia, ainda que dentro de si, a voz de um outro alguém...