“E o tempo se conta mesmo em anos. Deus me livre se fosse em dias. É como crescer ou envelhecer que só se vê em anos. Como é que se pode ver a curva tão larga das coisas se se está tão próximo como é próximo o dia? Pois se às vezes a palavra que falta para completar um pensamento pode levar meia vida para aparecer.” C.L
Há aproximadamente cinco anos, postei aqui no blog um texto muito pessoal... quando ele recebeu um certo comentário (ambos estão abaixo), eu o apaguei imediatamente e justifiquei para mim mesma que o fiz para "sanar" a infantilidade de postar algo tão íntimo. Essa foi a "verdade" que inventei para mim. Na realidade, eu só não queria me sentir assustadoramente vulnerável cada vez que entrasse aqui...Mas isso foi há tanto tempo...e, como disse Clarisse, "o tempo se conta mesmo em anos"...o fato é que eu guardei o texto e o comentário, por que? Porque eu não desapego do que é meu, do que fez parte de minha história, tenho até hoje cartas lacradas que nunca mandei, tenho esse blog, e é mágico entrar aqui e perceber que já não sou a mesma pessoa que escreveu (de fato, tem coisas aqui que desconfio terem sido escritas por mim) e, ao mesmo tempo, perceber que que eu ainda dialogo com o ser humano que eu era há cinco, seis anos atrás, apesar de tantas coisas e graças a outras tantas.
Tem dois anos que postei algo aqui, então, resgatando memórias e "direto do túnel do tempo"...
Sexta-feira,
14 de Março de 2008
Um ano..."demorei pra esquecer, demorei pra encontrar, um lugar
onde você não me machucasse mais...e guardei um pouco, porque o tempo é
mercúrio-cromo, e tempo é tudo que somos..."
Um ano de uma noite chuvosa, um banquinho, um beijo às furtivas e uma
aula de direito penal não assistida...um ano de francês, de novas amizades, de
distância, de esperança, de percepção de, como disse a Morte em "A menina
que roubava livros", "as pessoas me assustam", um ano de
encontros e desencontros, de aprendizagem mesmo, de enxergar defeitos nos
outros, mas fundamentalmente, de percebê-los em mim mesma. Percepção número um:
os outros erram...e você erra junto com eles....percepção dois: às vezes você
comete os mesmos erros dos quais foi vítima...e isso te faz sentir muito
mal....Aprendizagem um: não cometê-los de novo. Um perdão é lícito conceder,
dois perdões....jamais. Aprendizagem dois: não odiar quem errou com você, o
ódio, assim como seu antagonista, o amor, é sublime demais, não o desperdice
com qualquer um, não superestime o outro, nem no primeiro, nem no
segundo....Aprendizagem três: erros vem de pessoas, não de situações, não cometer
o pecado de generalizar....Um ano de confusão...de profusão...de idéias, de
gentes, de cores, de sentimentos...um ano de Clarisse e Kafka às vezes....só um
ano... e "só por hoje, eu não quero mais chorar, só por hoje vou me
lembrar que sou feliz..."
Postado por Daniely
às 07:10
Nesse eu comentarei [não sei ao certo
o motivo, mas talvez eu saiba e tenha medo de estar errada e ser boba. Enfim].
Tenho SEDE quando venho em seu blog. Vc demora para escrever, mas qdo escreve é
sempre algo sublime.
Lembro-me de coisas que ocorreram um ano atrás, tb.
Lembro de alguns desafetos.
Lembro de um rompimento de namoro.
Lembro de ter 'achado' alguém.
Lembro-me tb de um banquinho, só não sei se era uma noite chuvosa.
Lembro-me de horas mágicas e envolventes.
Verdade.
Às vezes a gente erra mesmo. Mas às vezes o nosso erro é só pro outro enão pra
nós.
Justificar nem sempre vale a pena [mas às vezes, ameniza].
O tempo passa e coisas se apagam [ou não].
Tem quase ou mais um pouco de um ano que eu não-errei... eu fui 'impulsiva',
talvez.
Marcas? Acredito que ficaram.
Um carinho imenso e uma admiração, tb.
Houveram uns 2 desencontros, mas a sensação que tenho é que talvez eu nunca
tivesse encontrado de verdade, ou, como se ficasse apenas num campo abstrato.
É assim que sinto.
É assim que senti.
Foi assim, há um ano atrás.
30 de Março de 2008 18:58